terça-feira, 13 de julho de 2010


Amor de gestão


arrisquei-lhe
logomarca
sacou-me logotipo

confessei-lhe
carência
advertiu-me prazo

afaguei-lhe
liberal
sugeriu-me tabela

envolvi-lhe
bruto
diluiu-me líquido

investi-lhe
tributário
promoveu-me sênior

versei-lhe
excell
ressuscitou-me Terra

publiquei-lhe
outdoor
faturou-me royalties

posicionei-lhe
xeque
xingou-me nominal

jurei-lhe
juro
concedeu-me mora

presenteei-lhe
bolsa
cambiou-me alta

roubei-lhe
selo
intimou-me precatória

vesti-lhe
renda
encantou-me fixa

gesticulei-lhe
libras
redigiu-me com trato

desnudei-lhe
cara
empossou-me coroa

contei-lhe
Normas
confessou-me Dow Jones

julguei-lhe
no vermelho
alertou-me commodities

estendi-lhe
mão-de-obra
negou-me mais-valia

cantei-lhe
protocolo
liberou-me aduaneira

apresentei-lhe
business
revelou-me atriz

beijei-lhe
metas
amou-me gestão

sou-lhe
diretor
és-me diretriz


No amor de Martin — Pororoca; Na flor de Fulô — Piracema.

Voltava enquanto ias,
plantava enquanto aravas.
Chapéu de couro, chifre de boi.
Meu paletó secou enquanto o teu, ao sol quaravas.

Enquanto quaravas,
fui à praça, de cravo na lapela,
tez do rosto rubra... 
Me fitava uma linda moça de flor amarela:

É Fulô! — de flor.
No paço da praça
passa.

Com passo
graceja
galhardia

Passo.
Sem ela
bailo aluado

Na noite vadia
entoo
malograda cantilena

Pernoito sereno
no leito
da rua

Do ocaso não faço caso
Aprendi que a clara da lua
é rodada como a saia da gema

De Iracema.

Eu?
Quanto a mim
sou Martin, dos versos gemidos...

Marte
aos pés
da Vênus selvagem

Da América
de incontinente beleza...
Estrela que se esconde na quimera

Como bogaris na primavera...
Ah!
 
Quem dera!

Rainha pela qual se autoflagelam escravos
A pura, cujos lábios
são favos

Poema inaudito
maldito
dilema

Sem visgo de jaca ou viço de arco-íris
pétala de lágrima, cores de aquarela
cheiro de alfazema...

Nosso romance
feito a pororoca
deu em nado contrário

Feito a piracema.


"Eternamente responsável por aquilo que cativas"
Lembrou-lhe o Capitão-do-mato ao ser contratado pelo Senhor de Engenho, que pagou-lhe pela caça ao menino nagô, filho de um rei africano.


Boa pinta


Classificou o dermatologista. O ator, glamurado ganhou a cena.


Em tempos de paz


Despetalam-se ainda, as rosas plantadas nos campos...
 

Gisele


Dejejuava brisas, almoçava aos beliscos...
Sua dieta concreta sorvia ar regado a ciscos

Se não lhe cabia roupa, suco de nada sem polpa
Bebia o daime do santo, tremelicava translouca e vomitava num canto

Mês de férias em Mileto
fantasias, alimentos... é festa de halloween

Não lhe apeteceu o preto
Foi desnuda, ataviada de natural esqueleto.



Tarzan (a profecia)


homem vendo macaco
vende macaco

macaco vem
será o homem


Essa fada


bizarra
dos
desejos

seios
seus
meios

generosa!
língua?
de sobra

oferta-me
asa
ar

mal-me-quer!
bem me
cobra!
 

Versificar só


Ora conjugo-me. 
Inerme, "verbocejo", quedado no dia, à luz da grama. 
Incurso, considero: retorica?... mente?... sim! tática como única ação. Diriam-me: Sente-se bem? Lhes responderia não mais, que o refrão da canção de James Brown, e desataria da garganta o nó. Pois ainda me é bastante o sol à luz do Soul! A duras... mas hoje há penas! quero verso e fico só.

Cavaleiro errante

Serei seu amigo nas dimensões que ela quiser.
Nos sonhos, nas quimeras, nos anseios...
Em pálidos outonos — em viçosas primaveras.

Serei relento, rebento — serei abrigo.
Trarei alimento — cevada e trigo — pão e vinho.
Serei casto e servil, a cortejarei com minha fama de varão!
Sem detrimento da inocência de um pequeno infante.... Pueril...

Amigo — digo amante — cujo destino reserva cetro de rei,
ou espada de cavaleiro... andante, errado, errante — adelante!
Breve empreenderei jornada, na mira do rastro excrucitante
da dulce nobre princesa plebéia.

Ei de encontrá-la numa torre, numa corte ou na taberna. Ora Sigo.
Eia! Rocinante.

 

+Catolicus modus operandi+


Romance no parque
O motoqueiro e a formosa dama
corpo de sereia

Na ceia
mordiscava-lhe somente o rabo
em respeito à santa semana.

 

Meus *comprimentos!


Desejo
   franco
sincero

à  minha  noiva  e  marido

regado
   a chuva
de arroz

(*contorne o texto com o dedo ou cursor)

Textículo 1/2acróstico1/2escroto


...o governo que merece!

afinal
todos (ou quase)
oferecem 

a bunda à Barrabás!
sotto voce... e... decanta-se o alarido da turba.



Encaixotando


Acabou!
Não me dê a mão.

Já não dá mais pé!
Vou comprar pregos, Helena!
 
Casamento

No caso reto,
exemplifico:
Com tu não caso!
Não me oblíquo.
No caso lato!

Meu passo estreito.

 

Velha dama


À noite
pardos gatos

Há esquinas
postes, calçadas...

Certa dama
em poucas palavras

Retrato-a
em vias de fatos:

Nas Narinas
fragrâncias baratas

Pés
de tanto palmilhar

Postiças
meio esmaltadas

Lábios
borras de carmim

Nicotina
esmalta dente

Cabelos
de crina falsa

Torpe
língua de serpente

Mini-saia
meia-calça

Olhos úmidos
gotas ácidas

Tira-colo
cor marfim

Grandes lábios
de texturas flácidas

                        

O quarto poder

                               (Ao valor e à força da mãe-mulher)
Há:

Três fases
Três tempos
Três desejos

Três por quatro
Três beijinhos
Três amores

Três rios
Três lagoas
Três pontas

Trilogias
Tri gêmeas
Três Marias

Três marcos
Três cruzes
Três reis magos

Três do rio
Trio elétrico
Zimbo trio

Treliça
Três dimensões
Tricotomia

Três olhos
Três patetas
Três é demais

Triângulos
Três premissas
Regra de três

Palmas!
Bis!
Tris!

Três bruxas
Três fogueiras
Três desejos

Athos
Porthos
Aramis

Três porquinhos
Tripé
Três pulinhos

Pão
Marmelada
Queijo

Três poderes
Soberanos
Um divino

Um certo, par
Ímpar
Criado pelo "Deustino":

A biogênese mãe do que é vivo
Bendito
Poder uterino!



Bolas da vez

Fila andava.
Menino saía
outro entrava.
Sorrir-me de braços abertos:
o que menos importava
 

Encantamento e esconjuro

Oh, luz que dissipa trevas
afasta peçonhas e cobras...

Enquanto houveres
que ajas!

Quer sejas candelabro
ou tênue chama de vela

Almas penadas permanecerão
meras... sombras... sobras...

Esconjuro-te, réu!
Em pleito verbal lanço tua sorte

ao inferno do incréu!

Arreda-te rasteira, píton!
Que engulas tu teu cuspe, naja!

Te escondes sob o hijab
maquiada do mais fino véu

Jezabel!

Metamorfos, casulos, mutantes ao bel...
Inerme é o camaleão!

Tu, belle silhouette — vero simulacro!
Mas sarapantas com teu chocalho

Cobra cascavel!

 

Mel poema


Mel poema tem pera
destemperada mas sã

Dá mamão, lava a outra
arou eira, faz cera…

No ar tem paz sarada
rio o tempo todo

Timbrado de nós
em vós-moscada

Como o tatú age
esconde céu, vagem, semente

É pá, lavra terra
é fogo e não há p(r)aga

Mel poema como a poesia
amora na boca da gente
 

SOLUÇÃO LÉXICA (sua bula!)

 
De uso tópico.

Aplicar direto ao tecido
de conjunção verborrágica.
Ao que se diz léxico, podendo, evite- o.
Meta fora!

O composto é feito
o colateral prurido
de coceira singular
ou prural

Cicatrização tem
contra-indicação
da especial lista
da dra. Pato

Lógica contra indicada
pelo dr. Pasquale
que me mandou
mostrar a língua:

— Agora diga trinta é três!



O pintor


A baba lhe descia pelos cantos dos fartos e pigmentados lábios boquiabertos — enquanto a fitava catatônico — ao tempo em que a tinta escorria pela tela, ja borrada pelos movimentos bobos do pincel empunhado a esmo pela mão autônoma.

Mais que prestativo informava — Adônis, o jovem artista, à tenra viúva que lhe encomendava o retrato do falecido — óleo sobre tela, a ser fixado sobre a lareira de sua modesta herança.

Para Mademoiselle?!
— Pinto!
— De graça!
 

Sinestesia


Cheiro de palavra
tem imagem de sabor
sonido de olfato

Tem toque de visão
estampa cor de som
realça paladar de tato


Dio bimbo


De A à Z:

a) Infância;
b) Quintal;
c)
Carrinho;
d)
Fubeca;
e)
Passa-anel;
f)
Bola;
g)
Gato;
h)
Cão;
i)
Rua;
j)
Fogos;
k)
São João;
l)
Quadrilha;
m)
Polícia;
n)
Mato;
o)
Ladrão;
p)
Morro;

Boca é popular meio da molecada — meio que um deus. 
— Opa! — lá vem o crak!
Generoso. Quando tem mais de uma bola, ele sempre dá uma...
Hábil. Empina pipa sem vento, cerol, linha cara, latinha, rabiola... Ainda corta e apara.

Criativo inato. Seus olhos fartos verberam de si "pantomímica"... insights de clínica!
É o tipo filantropo, altruísta... mesmo quando não é dia de prova, respira fundo e passa cola. No laboratório é the best! — sempre eloquente, simpático... e se rolar uma química!

Boca não é afeito à questões divinas — tem fobia a sermão e horror à palestra!:
q) Troca avião por romaria;
r) Não cai em conto de fada;

Cresceu vendo uma santa com Jesus à sua destra.
Tem sua própria ladaínha:
— O Diabo não é assim tão feio!
— Deus tem bondade ambidestra!
— Macho?! — Com macho se capa!
— Cão?! — Com cão se adestra!

Não é de si devoto, nem:
— Tô bonito na foto!
Não faz caso de sua galhardia — Sabe que do pó veio e ao pó retornaria.

Boca não:
s) Bebe;
t) Fuma;
u) Come sem farinha;
v) Se esconde atrás de Ong;

Quando crescer — sabe — dessa vida loca o que quer ser:
x) Dono do nariz;
w)Do dedo mole;
y) Da sua propria boca;

Boca, é meio que um deus... de uma figa... dono do nariz... do dedo mole... da sua propria... cheia...
z) De formiga.