sexta-feira, 25 de junho de 2010


Velas ao mar



Sou uma espécie de Adão.
Estive em terra firme enquanto amava Eva.
Mas Eva evadiu-se, evacuou-se, evaporou-se...

Me peguei rezando... credo!
Tipo genuflexo à la missa.
Saber onde há mar...
Sei como a maré, que amar é liberdade.

Assim empreendi viagem:

Mãos no timão — Cartas de navegação — As rotas...
Ao soprar do vento remador... velejar!
Aprendi com um mestre: Nemo, o capitão.
Senti o quanto a água é viva... sou alma marinha.

Repentina tormenta.
Por Netuno! — Pretensiosa deriva.
Recorri aos céus, ao velar — Iça!
— O brado — Clamor a deuses legendários...

Paira um espírito dentre a densa bruma.
Pânico: é a ordem do dia — O ente...
— O relicário! — Ordenei ao imediato:
— A imagem do santo!

Como por encanto, contra mim investe.
O que me remete às lendas de corsários,
de como eram assombrados os marujos...
— Homens ao mar! — Olho a boreste.

Evacuam a embarcação feito águas de lastro.
Um homem se precipita do mastro.
Por mil caramujos!
Ectoplasma gruda em suas peles, feito emplastro.

A nau... o silêncio...

Fui uma espécie de Adão.
Estive em terra firme enquanto amava Eva.
Mas Eva evadiu-se, evacuou-se, evaporou-se...

Assombrou-me. Desposou-me no além.


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